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sábado, 18 de julho de 2015

Quem sabe amanhã?

Karl Marx, um dos mais importantes teóricos do século XIX, causou grande impacto e influências que duram até hoje com sua teoria. Nela, Marx conta com a ajuda de Friedrich Engels. Dentre suas obras, chamam atenção principalmente O Manifesto do Partido Comunista e O Capital. Marx estudou muito a obra de Hegel, a qual serviu de base para sua crítica à dialética, a política e a filosofia do Estado. Marx ressalta a história com a relação opositora entre opressor e oprimidos, a história da luta de classes. Com o advento da burguesia com as revoluções burguesas, o desenvolvimento do capitalismo criou condições para que a diferença socioeconômica se ampliasse entre a burguesia e o proletariado, classe operária colocada a margem da sociedade e afastado da propriedade devido ao sistema capitalista.
Portanto, a sociedade burguesa, criou péssimas condições de vida e de trabalho para aqueles que conduziam a produção, tornando-os alienados, explorados, excluídos. Para vencer essa situação era necessário a revolução. Esta partiria do próprio proletariado, o qual se apoderaria do poder estatal, estabeleceria a ditadura do proletariado, a qual conduziria para o fim das classes sociais. Com a emancipação política do sociedade através da burguesia, Marx defendia que este estágio, apesar de inovador e importante para o desenvolvimento da sociedade, deveria ser complementado com a emancipação social, a qual deveria ser realizado pelo proletariado, excluído da sociedade, desse modo a sociedade se emanciparia em sua totalidade, garantindo também a realização da democracia. Desse modo, o advento da burguesia criou seu próprio carrasco, o proletariado, segundo a teoria marxista.
A burguesia, além de possuir os meios de produção material, também possui os meios de produção intelectual, assim, as luta de classes se expande também para o campo ideológico, a burguesia usa suas ideias para legitimar a dominação capitalista. Assim, a ideologia socialista/comunista, em tempos de crise, fortalece a luta por emancipação, buscando a destruição das instituições burguesas, para garantir, não somente a igualdade formal prevista no direito burguês, mas a igualdade material, uma igualdade de fato, símbolo da emancipação universal humana.
Em O Manifesto Comunista, Marx utiliza de uma linguagem mais simples do que suas demais obras, devido ao fato de que a obra seria distribuída entre os operários, como tentativa e chamamento do proletariado, para que se revoltassem, abrissem seus olhos para os motivos de sua exploração, se unissem e, juntos, fossem capaz de instalar o socialismo, juntos, pudessem transformar a realidade de repressão em que viviam, acabar com a alienação e a dominação burguesa. Mas, será que essa lógica revolucionária seria eficaz atualmente? Será possível o comunismo de maneira pura como proposto por Marx?
Como o próprio Engels ressaltou em um dos prefácios do Manifesto, “alguns pontos deveriam ser retocados”, e, se naquela época Engels já era capaz de enxergar isso, fica claro que hoje em dia outros pontos a mais são passíveis de adaptações para implantação desse regime. Mas mesmo assim, Engels estabelece que os princípios gerais, as ideias centrais do Manifesto, são certas em sua totalidade.
Segundo o método utilizado por Marx para distribuição do Manifesto, hoje em dia seria necessário um modo mais eficaz de alcançar o proletariado, como a divulgação pela internet, a qual grande maioria das pessoas tem acesso. Mas, além disso, seria necessário a quebra de tabus, como a demonização do comunismo, ainda presente nas cabeças de uma parcela da população, devido à grande perseguição aos comunistas durante a guerra fria. Além do mais, seria necessário o esclarecimento ideológico para a parcela da população oprimida, pois estes são radicalmente levados pelo senso comum, o qual está marcado pela lógica do mercado, da opressão, do lucro e da meritocracia.
Como é possível notar, a grande parte dos oprimidos de hoje não querem apenas deixar de serem oprimidos, mas também querem oprimir, ao contrário do que disse Maquiavel. Esta característica é herança do capitalismo, que, colocando o lucro acima de tudo, colocou ideologicamente na mentalidade das pessoas que é isso que elas devem buscar, é esse o tipo de emancipação que elas precisam, é enriquecer e sair da condição de pobreza, possuindo, comprando e gastando cada vez mais. Isso se deu com a vitória do capitalismo sobre o comunismo, as pessoas tendem a seguir aquilo que vence, assim como a história, a qual é contada pelos vencedores. Logo, a vitória do capitalismo implantou essa mentalidade do consumo desenfreado e opressora em grande parte dos alienados, impedindo que a igualdade material seja algo almejado pelo povo.

A revolução socialista me parece distante e inalcançável, embora possua belos princípios, a ideologia neoliberal venceu e predomina na maioria do povo. Entretanto, como dito pelo próprio Marx, não se sabe quando virá o comunismo, mas a revolução surgirá em seu devido contexto histórico próprio, caracterizado por momentos de crise econômica e social. O mundo passa por constantes mudanças no cenário político, econômico, social, como também ambiental. Quem sabe quando alguma nova crise poderá surgir? Quem sabe quando virá e quais as suas consequências para o mundo? Quem sabe as necessidades que surgirão com isso? Hoje pode parecer que a sociedade comunista é impossível, mas quem saberá o dia de amanhã?

Gabriel Magalhães Lopes
1º ano de Direito Noturno 

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