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domingo, 19 de julho de 2015

O proletariado ainda existe?

Ao longo da história, é possível analisar que todas as grandes revoluções possuíram, como ator principal, uma determinada camada ou classe social. Para realizar a Revolução Comunista, Marx afirma, em O Manifesto do Partido Comunista, a necessidade da união de todos os operários para tal objetivo. Não é a toa a célebre frase que encerra a obra: "Proletários de todo o mundo, uni-vos".

Atualmente, no século XXI, a atualidade de Marx se evidencia ao percebermos que os problemas enfrentados no século XIX continuam sendo os mesmos de hoje: a intensa desigualdade social, a concentração fundiária e a exploração do trabalhador pelas grandes corporações. A única diferença é que, naquela época, inflamada pelos discursos de Marx e Engels, a classe operária se enxergava como um coletivo, com as mesmas dificuldades e com os mesmos objetivos. Hoje, com a ascensão dos meios de comunicação e transportes, que deveria proporcionar um enrijecimento dessas relações de união, isso não mais se verifica. O operário passou a se enxergar apenas como  indivíduo,  e não pertencente à algum grupo em especial, em condições semelhantes. O que esse operário vê, hoje, como essencial, influenciado pela propaganda capitalista, é a busca pelo sucesso pessoal, profissional e financeiro, visando poder comprar algo que o aproxime das classes altas da sociedade: um carro bom, uma roupa de marca, um aparelho eletrônico de última geração. O operário olha o outro operário não mais como um semelhante, e sim como um rival no sonho de enriquecimento, acentuando ainda mais o individualismo e criando uma competição entre eles.

As discussões e reflexões frente às condições de vida desse trabalhador contemporâneo são escassas. A ordem posta se encontra tão intacta que não há sequer, em devaneios do pensamento, uma tentativa de quebrá-la ou alterá-la. O homem, em geral, se curva à ela, e não ao contrário.

 Fernando Augusto Risso - Direito diurno

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