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domingo, 19 de julho de 2015

O marxismo em Clube da Luta

“(...) the leaden world holds us fast, and we are chained, shattered, empty, frightened, eternally chained to this marble block of Being... and we —we are the apes of a cold God.”
- Karl Marx, 1837.

We're the middle children of history. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives.”
 - Tyler Durden, Fight Club, 1999.

Poucas obras refletem tanto a ideologia marxista quanto o livro de 1996 de Chuck Palahniuk e o filme homônimo de 1999, dirigido por David Fincher. A visão marxista, baseada nas obras do século XIX de Karl Marx, afirma que o sistema econômico exerce grande dominância sobre o sistema político, a sociedade e a história. Para Marx, todos os sistemas econômicos criam duas classes sociais, em que uma delas possuiria maior poder, que seria usado para oprimir a outra.

“The history of all hitherto existing society is the history of class struggles. Freeman and slave, patrician and plebian, lord and serf, guild-master and journeyman, in a word, oppressor and oppressed, stood in constant opposition to one another, carried on an uninterrupted, now hidden, now open fight, a fight that each time ended, either in a revolutionary reconstitution of society at large, or in the common ruin of the contending classes.”
- Karl Marx, O Manifesto Comunista, 1848.

No sistema capitalista, a classe mais forte, porém menos numerosa, a burguesia, é dona dos meios de produção, como fábricas, indústrias, terras e capital. A classe mais fraca e mais numerosa, o proletariado, é aquela que produz a força no qual o sistema capitalista se sustenta e sobre a qual a classe burguesa tira o seu poder. O conflito de classes é inerente ao capitalismo, porque a burguesia opressa o proletariado, que uma vez insatisfeito, revolta-se contra o status quo vigente, visando resgatar uma igualdade estrutural entre as duas classes distintas.
Clube da Luta exala marxismo através do alter-ego do Narrador e antagonista principal da obra, Tyler Durden. Da mesma forma que Marx em seu Manifesto Comunista, Durden clama por revolução. O discurso do personagem de Palahniuk é extremamente assemelhado ao discurso empregado por Marx para refutar o capitalismo em suas obras. E a partir da revolução, considerada como uma necessidade por Marx, é que advém a importância e o poder do proletariado, também mencionados por Durden.

“Let the ruling classes tremble at a Communist revolution. The proletarians have nothing to lose but their chains. They have a world to win.”
- Karl Marx, O Manifesto Comunista, 1848.

“We’re everyone you depend on. We’re the people who do your laundry and cook your food and serve your dinner. We make your bed. We guard you while you’re asleep. We drive the ambulances. We direct your call. We are cooks and drivers and we know everything about you. We process your insurance claims and credit card charges. We control every part of your life.”
- Tyler Durden, Clube da Luta, 1999.

A obra reflete a doutrina marxista especialmente no que tange o forte discurso anticonsumo que retrata. Segundo Marx, a imposição da ideologia burguesa à sociedade, através de propagandas e incentivos ao consumismo, é a maneira pela qual a burguesia previne que o proletariado tome consciência da opressão que sofre. Ao contrário da religião, como propôs Marx, Palahniuk define, em sua obra, o consumismo como o ópio do povo. Antes de conhecer Durden, por exemplo, o Narrador baseava sua felicidade meramente em posses, sua personalidade era aquilo que ele consumia. The things you own end up owning you.
A argumentação contida no livro e no filme que visa destruir as falsas necessidades e libertar o homem das regras impostas pela sociedade refletem claramente a oposição de classes e o esgotamento do sistema capitalista, tal como proposto por Marx um século e meio antes. Por isso que Clube da Luta é uma obra que vai muito além da violência e do discurso psicológico, sendo de extrema importância social para a compreensão da doutrina marxista na sociedade atual.

“Everything’s going according to plan: we’re going to break up civilization so we can make something better out of the world.”

Lívia Armentano Sargi

1º ano - Direito diurno

3 comentários:

  1. mas tbm temos que lembrar que o tyler tbm é capitalista, ele fabricava sabao e vendia, logo, é um capitalista.

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    1. desculpe, mas não era não, pois ele mesmo produzia seus sabonetes de forma caseira, estando mais como artesão do que como capitalista, ainda mais que nao utilizada da mais valia para lucrar, pois era o mesmo que produzia os sabonetes.

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