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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Minas de carvão, industriais, i-construção

Olhou o seu Whatsapp como se fosse o máximo
Colocou o som do celular no volume mínimo
Deixou sua mulher com um beijo frígido
Olhou as notícias e o tempo em sua tela mágica
Saiu do condomínio em sua indiferença pálida
Ignorou alguns mendigos como se fosse brâmane
Ajeitou as mangas de seu terno em um gesto túmido
Pura lã fria costurada por crianças indígenas
Escravizadas por homens de ouro em suas fábricas
Homens como aquele que agora cruza o tráfego
Que vêem no exploração um sistema prático
Não vêem o pobre explorado como seu próximo
Vêem apenas a tela de seu smartphone cálido
Exploram o petróleo de países árabes
Preferem ser no mundo burgueses solitários
Não vêem na partilha um enriquecimento lógico
Não vêem que criaram um mostro-máquina
Vêem apenas seus emails na tela rígida
Mas num tropeço do homem, em um pequeno átimo
O celular fugiu de suas mãos em um gesto indômito
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou o homem no passeio público
E os mendigos sem entender como aquilo era trágico
Perto da fome que move a efígie da república

Olhou o seu Whatsapp como se fosse máquina
Deixou sua mulher com um beijo lógico
Saiu do condomínio em sua Mercedes frígida
Explorou algumas crianças de face rígida
Mas num tropeço do homem, em um pequeno tráfego
O celular fugiu de suas mãos em um gesto túmido
E flutuou no ar como se fosse um árabe
E se acabou no chão feito um indígena
Agonizou o homem em suas fábricas
E os mendigos sem entender como aquilo era mágico
Perto da fome que move a indiferença pálida


Paulo Saia Cereda
1º ano - Direito (diurno)
Introdução à Sociologia (Aula 8)

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