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segunda-feira, 6 de julho de 2015

(Engels e Marx)

"Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força."
(George Orwell, 1984)

Em tempos de alvoroço moderno, com as novas tecnologias surgindo (segunda Revolução Industrial),  o proletariado tomando corpo, aumentando em número, a burguesia se tonando cada vez mais ávida de lucros, Marx e Engels se posicionaram como observadores da vida que ali se desenrolava. Ao observar atentamente as tendências da época e ao estudar o passado, a revolução para eles parecia inevitável - pois a história da sociedade é a história da luta de classes; ou seja, aquilo que faz a humanidade se mover é a disputa da classe dominante contra  a classe oprimida (pelo menos até aquele ponto) e o proletariado diante da burguesia urgia por revolta e mudança.
A maior características de Engels, pode-se dizer ser seu desprezo pelos utópicos, socialistas que ele considerava fantasiosos; sua não simpatia por Hegel e sua realidade baseada numa idealização da verdade. No pensamento de Engels, assim como no de Marx, predominava o saber empírico e a realidade nada mais era, para eles, do que fatos a serem previstos a partir de experimentação e minuciosa observância da realidade concreta. Dado esta característica, por que as previsões de ambos se tornaram errôneas?
Quando enfim a história se desenrolou, foi possível ver que a revolução não venceu, o proletariado não tomou conta da maquina estatal e dos meios e produção em todo o mundo, a partir da união dos proletários do mundo todo e, embora, tentativas de socialismo tenham sido feitas em vários lugares do mundo, hoje, se observa sua decadência.
O motivo para isso não é de todo complexo, e pode ser extraído da frase inicial deste texto. Marx e Engels não previram a capacidade do capitalismo de ser sedutor e ilusório; com as pressões proletárias ocorreu o maior golpe - a burguesia cedeu. Quando direitos eram reivindicados, existiu repressão, mas, ao tomarem conta das proporções da revolta, os grandes capitalistas resolveram dar as "regalias" pedidas pelo proletariado, tornando a vida deles mais fácil e os permitindo um certo enriquecimento. Ou seja, foi permitido aos proletários um aperitivo do que seria ser rico, de ser a classe dominante, algo como uma pequena amostra - e isto mudou todo o rumo da história.
Vendo o quão satisfatório é enriquecer, o quanto o capitalismo vem para preencher necessidades trazidas por ele mesmo, os proletários aquietaram-se da luta. Valendo-se do que a frase de Orwell descreve, a burguesia usou da ignorância das massas como uma força para oprimir a ela mesma, criando uma liberdade que é exaltada na teoria, mas que na verdade consiste em escravidão - dependência ao modo de produção capitalista, viver para trabalhar, sem cessar, sem questionar, sem conseguir sair desta condição, e assim, a guerra se tornou uma grande indústria geradora de lucros que serve para dizimar países de terceiro mundo para manter a paz daqueles ditos desenvolvidos, com uma economia favorável.
E assim, hoje, a opressão é velada, as pessoas se acomodaram em aceitar as injustiças, depositando sua fé em loterias, planos de capitalização, jogos, ou em sonhos meramente ilusórios de um dia ter uma vida plena, que significa ter dinheiro suficiente para ser feliz - ou seja, se inserir entre os opressores, se tornar parte da classe dominante - ao invés de lutar por tudo aquilo que tem direito, lutar por uma vida digna, lutar e revolucionar, abolindo a longo prazo as classes e as desigualdades para sempre. Os proletários, os camponeses e todos os pobres do mundo, estão hoje enfeitiçados pelo capitalismo, apenas por que este foi benevolente lhe dando aquilo que lhes é por direito moderadamente, virando então seus fantoches consentidos.

Stephanie B., Direito Noturno

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