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sábado, 20 de junho de 2015

Funcionalismo nos dias de hoje

Durkheim é visto como o fundador da sociologia como disciplina autônoma. Além disso, o filósofo colaborou de maneira grandiosa para o funcionalismo. Segunda essa doutrina, a sociedade se comporta como um grande organismo vivo, no qual todos os componentes (instituições  e indivíduos) estão interligados e  o respeito às suas respectivas funções, papeis sociais colabora para o equilíbrio do todo coletivo. Nesse ínterim, o papel da Sociologia é perceber as “desfuncionalidades” sociais e investigar os motivos disso. É nesse ponto  que a obra de Durkheim se mostra muito atual e útil para a sociedade de hoje.

Ademais, o filósofo corrobora a ideia de função ,para ele, esse conceito significa as necessidades gerais e intrínsecas do organismo social, ou seja, é a parte que cabe a determinado fato social no estabelecimento da harmonia geral. Isso relaciona-se ao par crime/punição. Á luz da teoria durkheimiana, a punição representaria a coerção ao indivíduo ou instituição que não cumpriu seu papel social e ,por isso, prejudicou o coletivo. No entanto, será que isso seria efetivamente justo? Será que punir o corpo individual por ele ter se desviado de sua função não seria equivocado pois ignora as causas que o levaram a praticá-lo? Isso retoma o ponto mais polêmico das discussões acerca da redução da maioridade penal. Portanto, sabe-se que as características da associação condicionam o funcionamento da vida social, logo, a explicação dos fatos sociais deve sempre se valer da investigação do meio social interno. Se a redução da maioridade penal fosse analisada dessa forma, ou seja, se buscassem explicações no coletivo acerca do que condicionou os jovens a agir de maneira criminosa, talvez findassem essa polêmica da maneira mais inteligente.

Além disso, podemos analisar a “malandragem” ,o famoso “jeitinho brasileiro” tendo em vista   a já mencionada desorganização provocada pelo desvio de função de uma parte integrante do todo; estudada por Durkheim .Por exemplo, quando as instituições não cumprem satisfatoriamente suas funções ou são falhas nesse compromisso, e dão espaço a obtenção de fins de forma não legal, elas geram a dialética da malandragem; a qual é abordada em obras famosas da literatura nacional ( “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Antônio Manuel de Almeida, “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo), e também se faz presente atualmente nos escândalos de corrupção nos quais o país está envolvido.

Por fim, sabemos que a sociedade se compõe de “laços de solidariedade”, de relações interdependentes entre seus elementos constituintes. Segundo o filósofo, esses laços são muito arraigados e difíceis de serem modificados a curto prazo. No entanto, quando a sociedade está prestes a ser consumida por sua maior ameaça, conforme indica Durkheim ,ou seja, quando a sociedade está prestes a se desagregar e se desvincular das regras que mantém seu equilíbrio, ela passa por um reestruturação a fim de atingir novamente a harmonia. Isso pode ser ilustrado atualmente pela flexibilização da sociedade brasileira machista e patriarcal perante as relações homoafetivas e perante o empoderamento da mulher: antes era imaginável casal de homossexuais adotando crianças ou ,mesmo, em épocas mais remotas, era indiscutível mulher sequer trabalhar fora de casa; e hoje, isso se concretizou, felizmente.

Victória Afonso Pastori
1º Ano Direito Noturno

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