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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Canibais bárbaros e Inquisição santa?

“A primeira regra e a mais fundamental consiste em considerar os fatos sociais como coisas”(p.13)” Essa frase de Durkheim gerou muita polêmica. Apresentaria o filósofo uma atitude desumana? Quando  Durkheim afirma que devemos analisar os fatos sociais como coisas ,na verdade ,ele expressa a necessidade do sujeito do conhecimento ter uma atitude neutra em relação ao objeto estudado; isso é uma concepção científica altamente transgressora e não “desumana” como muitos afirmaram. Por exemplo, no período das Grandes Navegações quando a colonização e a exploração latino-americana foram  justificadas pela “superioridade do homem branco” ,ou seja, pela missão de levar a “civilização” aos “bárbaros”, nota-se uma um preconceito enraizado no etnocentrismo. É exatamente essa contaminação com preconceitos e pré-noções a ao estudar um fato social que Durkheim quer evitar.

Nesse ínterim, percebe-se que a neutralidade perante o fato social é atualíssima. Isso pode ser ilustrado na multiplicidade de críticas e opiniões acerca do apedrejamento de mulheres adúlteras em alguns países do Oriente Médio ou acerca da condenação à pena de morte na Indonésia do brasileiro que traficara drogas. Isso seria correto? Há o respeito aos direitos humanos?  Certamente, seriam negativas as respostas do homem ocidental envolto e contaminado por suas pré-noções, por seus “ ídolos”, aludindo à Bacon. No entanto, segundo Durkheim essa atitude é equivocada ,não podemos julgar esses casos cerceados por nossas concepções próprias; é por isso que nos dias atuais os princípios dos direitos humanos estão sendo discutidos e criticados.

Recentemente, gerou-se uma problemática em torno da anual “parada-gay” perante a moral religiosa. Isso provoca inúmeros questionamentos. O sistema binário homem/mulher é o padrão perfeito? O princípio da dignidade humana é universal? OS padrões ocidentais são os mais evoluídos?  Durkheim considera como a forma mais legítima de analisar essas polêmicas  a neutralidade ,ou seja, deve-se fugir do “estado de alma coletivo” e da consciência geral que prega uma moral exterior e coercitiva, e encarar esse elementos como fatos sociais; só assim estaríamos livres de julgamentos preconceituosos. Afinal, o europeu classificava os indígenas canibais como bárbaros, ignorando as “barbáries” cometidas em sua terra pela Inquisição, por exemplo...

Victória Afonso Pastori
1º Ano-Direito Noturno

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