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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Um sopro de vida

Um poeta tem o poder do mundo na melancolia de suas palavras. Flexibilidade – o traçar de seus pensamentos o dá. É livre: livre de concepções perpétuas, livre de imposições ideológicas; livre, principalmente, para pôr em exercício a melhor maneira de escapar da realidade. E o poeta foge. O poeta foge, pois a ele é dada a liberdade de romantizar toda e qualquer expressão e, assim, depreende a carência de perspectiva no mundo.
Não obstante, existe quem, corajosamente, dedica-se ao setor público. Aquele que vê a vida como uma coletiva de imprensa sempre à espera de sua opinião. Teria o político a máscara pública e nada mais? O verdadeiro homem é a fachada, ou por trás do calculista há um inocente? Há quem diga que, na tentativa de atingir uma mudança efetiva, acaba por renegar seus princípios morais, inserindo-se no sistema. Mas o político... O político discorda! É sua essência, diz: nenhum santo sustenta-se só. Um sistema fundado em pessoas em que o necessário é garantir o acordo sobre determinadas ações; se derem certo, a ventura prevalece. Justifica que, do quadro geral, a sociedade só possui fragmentos – deve-se extrair uma realização dos pontos cruciais, protelando o restante. Tal simplicidade rege a esfera política: o que funciona é bom. E ponto final.
Somando-se ao campo da escrita e da administração governamental, aparece o campo das ciências. Neste caso, a especialista possui uma relevância particular. Vejam o porquê: a cientista, ensinada a produzir o conhecimento puro e seguir o ideal da pura verdade, não questiona os princípios éticos, os valores morais – mecanismo de sucesso, visto que o não questionamento de seu trabalho e a percepção social de deixar o destino nas mãos de quem, aparentemente, detém tamanho poder é de consentimento geral. Porém, esta cientista confronta tais fundamentos, estando – inclusive – em uma espécie de recesso, fazendo moradia em sua torre de marfim. A problemática do mundo é uma crise de percepção: para seu desespero, os sistemas atuais só encorajam o intervencionismo. Prevenção! A resposta está na prevenção! Qual mal cegou a todos diante desta solução?
Um poeta, um político, uma cientista. Cada qual com uma análise distinta, moldada de acordo com a experiência de anos e anos transcorridos, na procura da mais simples aspiração do ser humano: um mundo melhor. Por onde começar? Pensamento ecológico, afirma a cientista. Sendo o universo feito de harmonias, de relações e conexões, é preciso compreender o quadro geral.
Perplexo está Descartes, em algum lugar na dimensão espaço-tempo. Ora, esqueceste tu quem primordialmente incorporou a visão do mundo, da natureza, como um relógio? Desmonta. Reduz a várias peças simples e de fácil entendimento. Analisa. Decifra o todo. E então, uma especialista das ciências irrompe a ideia de que o método é limitado? Errado? Nocivo? O político faz-se advogado do filósofo em um primeiro momento. Quem dirá às pessoas o que é melhor para elas? Tu? Mas o pensamento ecológico se sustenta na mente criadora. O homem seguiu o pensamento de Bacon e torturou a natureza! A realidade carece de uma compreensão mais firme. A essência da vida é a auto-organização e a autotranscedência; um sistema vivo se mantém, se renova e se transcende sozinho.  
A cientista propõe uma nova percepção para a humanidade. O político reflete como colocar as ideias no plano da realidade. O poeta questiona qual o lugar das pessoas reais, com seus desejos, suas qualidades e fraquezas.
Os cientistas dizem quais as metáforas para a vida. Os políticos dizem de que forma deve-se viver. Os poetas sabem que a vida sente a si mesma.
Isabelle Elias Franco de Almeida
1˚ ano - Direito (noturno)
Introdução a Sociologia

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