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segunda-feira, 4 de maio de 2015

O mecanicismo e a perda do dionisíaco

     O método proposto por Descartes em seu Discurso do Método trouxe uma visão de mundo completamente nova, dando início ao que hoje é chamado de "mecanicismo cartesiano". Esse mecanicismo consiste numa percepção puramente racional do universo, considerando o mesmo como uma máquina, um relógio. Ainda hoje, tal visão é muito adotada por cientistas.
     No filme Mindwalk, é feita uma abordagem acerca do tema, quando uma cientista pontua que, apesar da importância de Descartes em seu tempo, o mundo precisa de uma nova percepção. Segundo ela, o mecanicismo cartesiano tem transformado as relações humanas e, principalmente, a relação do homem com a natureza. Enfim, a ciência hoje menos tem trabalhado a favor da natureza do que prejudicado-a.
     Nesse sentido, o tema do mecanicismo cartesiano e a racionalização do mundo dialoga com Nietzsche, quando o alemão fala em apolíneo e dionisíaco. O apolíneo representa principalmente o racionalismo e o individualismo, enquanto que o ímpeto dionisíaco nasce da violação deste princípio de individualização. Ocorre que, hoje, há uma perda da proximidade com a natureza, decorrente dessa ciência que trabalha com fins econômicos.
     Dessa forma, percebe-se que o homem perdeu a habilidade de ver a vida como parte de uma realidade mais ampla. A natureza, nesse contexto, é vista como mera fonte infinitamente produtiva de uso, perdendo seu valor intrínseco. Enfim, é preciso substituir esse modelo mecânico de mundo por uma nova percepção que compreenda o universo não só como mera máquina, mas como um universo de conexões e interdependências. Um sistema vivo. Um organismo vivo.


Renan Djanikian Cordeiro
1º ano do Direito Noturno

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