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sábado, 16 de maio de 2015

O esqueleto quebrado de Comte

 Embasando-se nos estudos de Descartes e Bacon, Auguste Comte formulou seu pensamento positivista para explicar as formas de conhecimento sobre a vida. Em uma época que se buscava principalmente a origem de todas as coisas, o filósofo francês discorreu sobre a associação de fenômenos e não a essência deles, como se o positivismo fosse o estágio mais avançado- sendo antecedido pelo estágio teológico e o metafísico- de razão e de conhecimento que o homem poderia alcançar, pois, consequentemente, a sociedade progrediria devido à ordem.
 Mesmo Comte formulando seus estudos antes de Darwin, justificou o darwinismo social, pois afirmou que existem papéis sociais determinados, fundamentando a meritocracia e a desigualdade na sociedade, como se uma pessoa devesse se negar em prol dos outros, ou seja, estabelecendo a consciência coletiva. A subversão desses valores com adoção de políticas públicas voltadas para sanar a desigualdade causaria, para o francês, a anormalidade. Assim, nota-se um caráter determinista na visão comtiana. Citando um exemplo da literatura brasileira, o personagem de Monteiro Lobato, Jeca Tatu, seria um exemplo da anormalidade quando sua condição existencial sofre uma significativa melhoria.
 O caos e a desordem funcionam na sociedade como o efeito do álcool e de outras drogas no corpo: o desequilíbrio, assim Comte almejava superar esses problemas propondo conhecer a sociedade e estabelecer metas para alcançar a ordem, que seria a solução, sendo a sociedade regida pelas leis da estática e da dinâmica, como se estas resolvessem todos os problemas. Fazendo uma analogia com o Isaac Newton, a sociedade se organizaria como o sistema solar, tendo sua dinâmica estabelecida pelas leis constantes, estas que seriam o esqueleto do pensamento positivista.
 O imediatismo visto nos estudos de Comte sucumbe, sobretudo, na análise superficial dos males sociais, não resolvendo o problema de forma mais profunda. Com isso, é notável a preocupação do filósofo apenas como o tempo presente e não com o futuro. E essa é a crítica feita por outros filósofos, pois o positivismo não resolve os problemas devidamente, causando mais dano do que benefício, mesmo resolvendo-os temporariamente. Essa seria a falha, a fratura no esqueleto da filosofia positivista, pois a ordem e progresso estariam na superfície, mas em seu cerne estariam a miséria e a estagnação. Assim, “Jecas Tatus” seriam sempre doentes.

Lara Costa Andrade- 1º ano de Direito (Diurno)- Introdução à Sociologia


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