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segunda-feira, 18 de maio de 2015

LGBTs x Comte


Hoje, 17 de maio de 2015, comemoramos 25 anos desde que a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais do Código Internacional de Doenças, reconhecendo-a como expressão válida e legítima de sexualidade. Hoje, comemoramos 25 anos do respeito á individualidade, da aceitação, ainda que não completa, das exceções em meio à massa. Hoje, dia 17, conseguimos dar um tapa na cara de Augusto Comte.
O fim da descriminalização institucionalizada da homossexualidade no Brasil representa uma quebra dos moldes positivistas. Para Comte, um casal gay seria um atraso ao almejado progresso por não entrarem na “ordem natural” de um processo biológico, ou seja, a incapacidade de reprodução sexuada seria um empecilho á civilidade. (Indago ao filósofo se uma adoção não é algo muito mais humanamente evoluído do que abandonar um recém-nascido em uma lata de lixo, mesmo que concebido por um casal heterossexual). Contrariando tal pressuposto, nesta semana também se comemora o aniversário de dois anos da Resolução nº 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual registra a realização de 3,7 mil casamentos entre pessoas do mesmo sexo... E surpresa, Augusto! Não houve um colapso de toda a sociedade!!!!! Continuamos a produzir, a exportar, tomar coca-cola e ainda ir á igreja aos domingos, acredita?
Entretanto, ainda há resquícios de tal Positivismo em nosso país. Além de pedidos para a volta da Ditatura Militar em passeatas na Avenida Paulista, de panelaços na Zona Sul e Oeste paulistas (inacreditavelmente as mais elitizadas) e da grande aprovação da redução da maioridade penal, nosso Congresso está repleto de Comtes modernos defensores de uma “cura gay” e de projetos como o Estatuto da Família. Sem contar com as 1013 denúncias contra a população LGBT registradas pelo Disque 100 só tem 2014, as quais incluem discriminação, violência psicológico-física e 312 casos de assassinatos ao longo do mesmo ano. O Estado Positivista sustenta esta homofobia. Na fala do filósofo, explicita-se a intolerância á diversidade e ao não-tradicional: “[...] basta pensar nos efeitos fisiológicos do espanto, e considerar ser a sensação mais terrível que podemos sentir aquela que se produz todas as vezes que um fenômeno nos parece ocorrer de modo contraditório às leis naturais, que nos são familiares.”
Machado de Assis, Freud, Sartre, entre tantos outros, reviram-se no túmulo ao pensar em leis exatas que se apliquem a todo ser humano. O estudo do coletivo é imprescindível ao entendimento de somos todos pertences á mesma especie, homo sapiens-sapiens, mas é a essência individual o que nos torna realmente humanos. O abando da relatividade é o veneno do século. 

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