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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Apoderamento do Homem

      A Ciência Moderna era composta por dois pilares, o da Razão e o da Experimentação – já que o primeiro levava a dedução e o segundo, a comprovação – Descartes é um grande representante do primeiro pilar, ao passo que o segundo se vê muito bem ostentado por Francis Bacon.  Bacon surge trazendo á filosofia da Era Moderna a teoria do empirismo, sendo ele próprio o maior representante desta, que propõe uma análise do mundo baseada em  interagir com o mundo de forma experimental.
Ao propor o empirismo, o filósofo retira poder de áreas que possuíam grande influencia na época, como a astrologia, a alquimia e a religião, pois julga tais áreas como místicas e sem conhecimento comprovado. Criticando também a ciência como mero exercício da mente e que estava sujeita á influencias da razão, que poderiam “prejulgar” um fato, ou este fato ser distorcido pelos sentidos,    
      Bacon propõe um novo método de análise filosófica, chamado por ele de A Cura da Mente – e este era divido em duas fases: a antecipação da mente (conhecimento contemplativo) e a interpretação da natureza (conhecimento por exploração e experimentação).
      Tendo posto seus conceitos e métodos, Bacon define a ciência como a mais alta representação do mundo, diz que tudo que é digno de existir, é digno de ciência. Esse tipo de ideia revolucionou sua época, pois mudava a forma de se pensar o mundo que passou a ser visto como o que há de mais racional e dele as conclusões científica poderiam ser tiradas, o mundo como uma máquina.  Além disso, ele deixou fortemente explícito que Saber é Poder e a exploração da natureza é a única forma de compreende-la, e mais do que isso, de vencê-la – para ele, o homem deveria se sobrepor a natureza, conquista-la a ponto de usá-la a seu favor e não ser vitima de seus acasos.
      Embora a visão mecanicista e de sobreposição á natureza tenham sido importante para apoderar o homem moderno, como visto no filme Ponto de Mutação, estes conceitos se tornaram tão fortes que sobrevivem e dominam até hoje e acabaram por destruir muito do que é essencial e provém da natureza. O principio masculino de Bacon, continua a levar o homem cada vez mais perto do esgotamento de recursos naturais, da destruição do planeta e á submissão de outras pessoas e até mesmo países inteiros (os chamados terceiro mundo, por exemplo); pode-se dizer também, que o conceito de Bacon é visto hoje mais presente no mundo empresarial, pois o cunho dominador, avarento, se sobressai.

      Sendo assim, é preciso a consciência de que a visão de Bacon foi inovadora numa época impregnada de misticismo, na qual o homem ficava a deriva de catástrofes naturais, doenças, da Igreja; suas ideias mudaram a forma de ver e principalmente de interagir com o mundo, dando autonomia a humanidade. No entanto, mais de quatros séculos após o filósofo ter falecido, é hora de adaptar suas concepções, de ver que o mundo não é apenas uma máquina, mas sim um organismo vivo (assim como diz o filme Ponto de Mutação) e que cada ação afeta milhares de pequenos ecossistemas ligados á outros maiores. É necessária uma mudança no conceito de Bacon, uma reavaliação da postura humana quanto ao meio em que vive, para que, á longo prazo, não acabemos por nos destruir, destruindo tudo á nossa volta. 

Stephanie Bortolaso
Direito, noturno. 

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