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domingo, 19 de abril de 2015

“Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem”


Razão e Política na Sociedade Contemporânea Brasileira


    René Descartes, filósofo, físico e matemático francês do século XVII, revolucionou a filosofia ao propor a razão humana como agente de transformação do mundo, e não somente de contemplação. Ao mesmo tempo, o filósofo crítica a leitura rasa da razão, que seria o senso comum, um conhecimento transmitido pelo hábito.
   O “Discurso do Método”, principal obra do filósofo, é iniciado pela premissa de que todo ser humano é igualmente dotado de razão. Sendo assim, as opiniões divergentes e os conflitos entre os seres humanos surgem pela falta de um método seguro para se alcançar a razão. Esse método seria basicamente por em dúvida todas as suas convicções para, guiado pela razão, chegar a uma verdade absoluta livre de vícios.
     Apesar de sua obra ter sido escrita há quatro séculos, Descartes se mostra inteiramente atual frente ao cenário político que o Brasil se encontra. O governo, considerado de esquerda política, se encontra instável, pois metade do povo o apoia e a outra metade o repudia. Concomitante com a parte da oposição sensata que possui ideais concretos para fazer frente ao governo posto, o país se depara com a exibição nas ruas de uma grande parcela da oposição que não possui coerência alguma. São extremistas que se julgam ser o ápice da verdade, ignorando e subjugando todos aqueles que possuem opiniões contrárias.
    Essa onda de revolta que se alastra pelo país é carregada de ódio e agressividade, que cega os indivíduos. Eles se negam a utilizar de sua razão para pensar, ouvir, construir argumentos verdadeiramente concretos e se contentam apenas a propagar uma repulsa a níveis que atropelam a razão. Se recusam a respeitar a opinião política alheia, mas devem respeitar, mesmo que essa se contraponha inteiramente a sua própria opinião. Divergências são válidas e sadias para os seres humanos, desde que nunca se abandone a razão.
     Descartes persiste em sua obra na ideia de que a razão e não as paixões (os sentimentos humanos) que devem definir o mundo. Essa parcela da oposição é um ótimo exemplo do ser humano dominado pelas paixões. Eles não conseguem enxergam além de seu ego e do pensamento que a sua verdade é a mais correta. São impulsionados por uma revolta e uma necessidade de se fazer aparecer em meio a passeatas regadas de ignorância, que mais parecem um desfile carnavalesco do que o grupo sensato e organizado, que deveriam ser, pondo em prática seu direito (incontestável) de protestar frente a suas indignações.
   O ato de protestar é extremamente válido. Protestem. Mas protestem lúcidos, protestem com argumentos racionais e livre de qualquer vício. Protestem por motivos concretos, palpáveis e dignos (que não faltam frente a nossa realidade política), e não pelo simples fato de protestar para exalar o ódio. Olhem além de si mesmos e construam uma base sólida para poder exaltar a direita política brasileira. Aprendam a respeitar o sistema democrático. Nem sempre sua vontade pode se fazer concreta, e nem por isso se deve denegrir a razão, mas sim trabalha-la mais.
     A razão é o bem humano mais precioso. Não a abandone e passe assim a acreditar ser melhor que outrem. Todos são dotados de razão, só é necessário aprendermos a não deixar vícios humanos como a intolerância abafá-la. A razão serve para controlar os instintos humanos mais primitivos e degradantes. Controle-os, vença-os e faça jus a denominação de ser pensante. 


Caroline Setti
1º ano - Direito Noturno
Introdução à Sociologia - aula 2

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