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domingo, 18 de março de 2012

Dúvidas restritas

Dentre as muitas ideias e reflexões de René Descartes, uma das mais significativas e contemporâneas certamente é aquela a qual contempla o princípio da dúvida, afinal, ainda hoje é discutida a importância do senso crítico e da análise de questões sociais, apesar de haver alguns dilemas a seu respeito.
O ato de duvidar abordado pelo livro Discurso do Método é retratado com destaque pelo autor, uma vez que faz parte do processo racional de obtenção da verdade e do combate ao engano, à aceitação passiva de conhecimentos por vezes equivocados. Todavia vale ressaltar que a prática de tal ato não é tão eficiente e ideal assim.
A maioria das pessoas é vencida naturalmente pela cultura de massa e acaba por consumir produtos e valores muitas vezes inúteis sem ao menos perceber. Ou ainda, exerce um senso crítico restrito a certos assuntos como, por exemplo, programas de televisão, jornais ou mesmo livros filosóficos.
Para perceber esta restrição basta reparar na opinião emitida pela população jovem sobre novelas. Quase sempre o grupo referido comenta sobre o caráter manipulador da mídia e sobre o quão vazio é o conteúdo das histórias, sendo que o mesmo parecer praticamente se aplica aos jornais televisivos – também considerados como algo sensacionalista por grande parte dos telespectadores. Entretanto, não seriam essas opiniões cômodas e suspeitas, uma vez que parecem críticas e reproduzem argumentos já há muito tempo ditos?E pior, não estaria algum detalhe importante de conhecimento passando despercebido diante de tamanha atitude defensiva?
É muito possível que haja diversos questionamentos e análises a serem feitos sobre a positividade de tais canais de comunicação e é mais possível ainda a existência de vários aspectos relevantes sendo ignorados em decorrência de tal conduta clichê do ser humano.
De qualquer forma, é inegável que o princípio da dúvida e o senso crítico ainda se fazem presentes no século XXI. Também é fato que o seu alcance está limitado, afinal, o homem contemporâneo subestima alguns assuntos e superestima outros, quando, na realidade, deveria manter-se alerta para toda e qualquer informação a fim de captar a verdade sob diferentes ângulos.



  

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