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domingo, 1 de maio de 2011

A filosofia positivista é atemporal

O positivismo de Augusto Comte surgiu como a conclusão da revolução intelectual iniciada por Descartes e Bacon. Propunha um distanciamento na observação de fenômenos, a união e combinação entre as ciências e uma reorganização da sociedade.

Para Comte, as análises sociais feitas até aquele momento histórico (1830) eram análises metafísicas, ou seja, baseadas em sistemas abstratos. Sua intenção foi superar esses conceitos, recriando-os com bases concretas e práticas.

O capitalismo, que implantou o domínio do mercado em todo o mundo, fez com que o homem perdesse o controle sobre o próprio tempo, sendo este substituído pelo tempo da produção. Esse fato desencadeou inúmeras insatisfações e acentuou outras tantas.

Para vencer a turbulência e o efervilhamento social, a religião já não era suficiente, assim como a metafísica. Por isso, é dito que a filosofia positiva, ou seja, o abandono das análises teológicas e metafísicas marca o amadurecimento do espírito humano.

Comte utiliza-se como guia para as ciências modernas o Paradigma Newtoniano, que propõe a idéia de cadeias de leis que se harmonizam, proporcionando a sincronia universal perfeita. Outra idéia proposta é a de que, assim como no corpo cada célula e cada órgão possuem sua função fisiológica, na sociedade cada individuo possui sua função social. Dessa maneira, cada falha deve ser diagnosticada para se evitar uma patologia. O positivista não quer transformar, mas sim curar para manter perfeito o funcionamento do corpo social (sociedade).

Dentro da Filosofia Positiva, a ORDEM é a expressão de um sistema sincrônico em perfeito funcionamento. Os desvios da ordem são patológicos. Isso não quer dizer que existe um conservadorismo implícito, pelo contrário, a ordem é prevista apenas no âmbito social e deve-se evitar o estancamento cientifico.

A ORDEM (lei estática) deve ser mantida para que exista o PROGRESSO (lei
dinâmica) histórico. As leis da ordem e progresso são as essências do positivismo. Por esse motivo, Comte era contrário ao liberalismo por este estimular a concorrência e, consequentemente, a desordem e a desestabilidade. Novamente, essa idéia não implica no comodismo, mas sim a solidariedade social (influencia de Durkheim) pelo progresso.

A influência da filosofia positivista na política brasileira surgiu com Benjamin Constant, um dos preceptores da Republica no Brasil. O Positivismo também influiu no Movimento Tenentista e nas ditaduras brasileiras. Neste contexto, destacam-se os “sambas de malandragem” de Ataulfo Alves e Chico Buarque, entre outros, que contestavam o papel do individuo dentro do corpo social. O malandro era visto como o “câncer” da sociedade. Além disso, as frases que marcaram o período ditatorial http://www.blogger.com/img/blank.gifemanavam idéias positivistas sobre o progresso: “Pra frente, Brasil!”; “(...) 600 milhões em ação (...)” etc.
(Homenagem ao malandro, de Chico Buarque: http://www.youtube.com/watch?v=veeisMvPJm8&feature=related)

Como prova incontestável dessa influência, a frase que estampa a bandeira brasileira nada mais é do que a máxima da filosofia positivista: Ordem e Progresso.



Atualmente, a política brasileira segue ainda os ideais positivistas em alguns casos. Por exemplo, para a manutenção da Ordem social as famílias pobres são acalentadas com uma renda mensal extra dada pelo governo federal. É o Bolsa Família, vista por muitos como apenas uma forma de amenizar as tensões sociais e desviar a atenção dos indivíduos que integram essas famílias da verdadeira raiz da miséria em que vivem: a concentração da renda nas mãos da minoria rica.

O positivismo também é base para políticas em outros lugares do mundo, como nos Estados Unidos. Por exemplo, modelo de produção fordista e a Lei Seca, que visam a boa condição dos trabalhadores, para ser mantida a ordem e atingir-se o progresso.

Enfim, a filosofia positivista é muito presente atualmente e seus ideais podem ser vistos incrustados dentro de manobras políticas por todo o mundo. Por isso, é bem verdade dizer que o positivismo é atemporal, ou seja, transita no tempo sem necessariamente pertencer ao passado, futuro ou presente.

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